Lido com textos muito antes de isso ter se tornado meu trabalho. Quando passei a ganhar a vida com revisão, preparação e, por fim, edição de textos, algo que me encantava era a possibilidade de tornar um texto ainda melhor, mais claro do que ele era. Tinha um quê de criação, ou melhor, de cocriação, colaboração, parceria mesmo.
Quando cheguei à editoria, recebi elogios pelo meu talento nato em cortar o desnecessário. Isso eu faço até hoje, e acredito que bem. Livro-me do supérfluo sem grandes traumas, sem maior apego. Porém, uma coisa que percebi ser ainda mais importante foi o estabelecimento de padrões a serem seguidos por toda a equipe editorial. Lembro-me de longas reuniões sobre os padrões a adotar, especialmente após o Novo Acordo Ortográfico, que ainda gera dúvidas e invenções.
Hoje percebo como essas duas ações, criar e padronizar, tão importantes para quem lida com escrita, são discrepantes. É exaustivo seguir padrões, que podem mudar a cada momento - até eu decido mudá-los de uma prova para outra porque já não vejo sentido no anterior. Beira a loucura essa caça à "perfeição", essa corda bamba de certo e errado.
Descobri que não curto muito esse lance de aplicar padrões. Até porque ando revendo tanto a ideia de padrão na vida em geral que acho quase sempre dispensável. Por exemplo, se uma mulher mais velha deve ou não usar cabelos curtos, se as grisalhas devem pintar os cabelos, se as gordas não podem usar roupas justas ou estampas grandes - considero tudo uma grande bobagem, coisa de grandes empresas para fazer as mulheres consumirem. E como cada vez mais valorizo o ato criador, a criatividade, em que certo e errado podem coexistir no que se cria, os padrões perdem mais e mais sentido.
No meu caso, o trabalho de edição tem se limitado a produzir com o menor número de erros possível. Se acontece, é um deus nos acuda, uma Bic vazando sobre um vestido branco. Claro que queremos assegurar aos alunos que vão realizar exames que eles dominem os acertos, mas acho que ando querendo voltar a me encontrar com outra faceta da educação, menos preocupada com isso e mais com o viver, que tem erros e acertos mas açambarca respostas diversas. Talvez seja só preguiça.
O fato é que nunca simpatizei muito com o número circense de equilibrar pratos, e é isso que faço muito hoje em dia, no trabalho remunerado e no não remunerado. Nem mesmo o mágico me atrai muito. Tenho um espírito mais clown e trapezista, de improvisar e de (ainda que com um olho no chão) me lançar no vazio - telas muito mais apropriadas ao criar.
Descobri que não curto muito esse lance de aplicar padrões. Até porque ando revendo tanto a ideia de padrão na vida em geral que acho quase sempre dispensável. Por exemplo, se uma mulher mais velha deve ou não usar cabelos curtos, se as grisalhas devem pintar os cabelos, se as gordas não podem usar roupas justas ou estampas grandes - considero tudo uma grande bobagem, coisa de grandes empresas para fazer as mulheres consumirem. E como cada vez mais valorizo o ato criador, a criatividade, em que certo e errado podem coexistir no que se cria, os padrões perdem mais e mais sentido.
No meu caso, o trabalho de edição tem se limitado a produzir com o menor número de erros possível. Se acontece, é um deus nos acuda, uma Bic vazando sobre um vestido branco. Claro que queremos assegurar aos alunos que vão realizar exames que eles dominem os acertos, mas acho que ando querendo voltar a me encontrar com outra faceta da educação, menos preocupada com isso e mais com o viver, que tem erros e acertos mas açambarca respostas diversas. Talvez seja só preguiça.
O fato é que nunca simpatizei muito com o número circense de equilibrar pratos, e é isso que faço muito hoje em dia, no trabalho remunerado e no não remunerado. Nem mesmo o mágico me atrai muito. Tenho um espírito mais clown e trapezista, de improvisar e de (ainda que com um olho no chão) me lançar no vazio - telas muito mais apropriadas ao criar.
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