segunda-feira, 20 de abril de 2020

Iniquidade é onde falta pão

Somente ontem aprendi que iniquidade é o oposto de equidade. Eu sempre associei a palavra à injustiça e à maldade, mas não sabia realmente o significado imediato. Ontem soube, por meio da aula de "Alimentação, educação e saúde" da pós-graduação, pelos textos e vídeos que tratam dos determinantes sociais da saúde (DSS). 
Em lugar de falar em desigualdade - porque desigualdade é um termo mais amplo, que pode valer para tratar de diferenças entre gêneros, por exemplo -, usa-se o termo iniquidade para tratar da não igualdade social, da ausência de direitos para todos. De repente, fez-se um clarão, tive uma epifania quanto ao abismo social em que vivemos. Mesmo eu, que morei tantos anos na periferia, não tenho ideia do que é não ter água nem saneamento básico, falta completa de comida, de escola, de dinheiro, de emprego.
Pessoalmente, sempre tive um incômodo enorme quanto à falta de comida e à possibilidade de alguém estar desprotegido - sem casa, passando frio, à mercê da violência, o que for. Pensar nisso me horroriza. Ainda vou colocar meu talento culinário, além da palavra, à disposição dos menos favorecidos.
No Brasil, normalizamos a iniquidade. Milhões não tem pão, o mínimo do mínimo da dignidade, da sobrevivência. Convivemos com o horror diário, desde que não esteja à nossa porta.
A atual pandemia, se é que pode ter trazido algo positivo, fez escancarar as iniquidades no Brasil e no mundo. O Ensaio sobre a cegueira tornado real, a luz insuportável sobre a verdade.