quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Princesas

Ivan Martins, que adoro, publicou outro dia um texto em que dizia que não queria que sua filha fosse princesa, porque não há nada mais besta do que ser princesa, esse ser passivo que vive à espera do príncipe enquanto todos tomam decisões por ela. 
Só repostei o texto, e pronto. Já teve gente defendendo as princesas e atacando as feministas. Até quem dissesse que prefere ficar em casa cuidando do Macho Alfa e tendo direito a um cartão de crédito ilimitado. Já imaginei o Macho Alfa abandonando a princesa amadurecida por uma mais nova e levando junto o cartão, claro, talvez não sem antes dar uns sopapos na ex, lamuriante da perda de seus privilégios. 
Achei tudo muito louco, porque a distorção de ideias é gritante, a pós-verdade impera mesmo. A galera não entende que a luta feminista é por todas, pela igualdade de direitos, e não para sermos iguais aos homens. Que os direitos conquistados contemplam inclusive as que acham que não precisarão deles, mas certamente deles usufruem quando estudam, votam, circulam, escolhem seus parceiros. Que as mulheres podem inclusive, pela ótica feminista, serem princesas, se quiserem, mas não só isso. 
Até mesmo a maior fabricante de princesas do imaginário ocidental, a Disney, reviu seu conceito e passou a criar princesas bastante autônomas e fora da curva, como Moana, Valente, Tiana, Mulan. Bela, de A bela e a fera, já trazia a ideia de que a mulher podia ser inteligente além de bela para ter êxito na vida, mas suas sucessoras vieram botar fogo no parquinho. 
Talvez tenhamos que esperar passar essa onda de ultraconservadorismo para que as pessoas possam ver com clareza o que significa para uma mulher ser livre. Espero que essa liberdade chegue para todas.