domingo, 4 de setembro de 2016

Opinião

Em dezembro de 1964, estreava o show Opinião, criação artística coletiva em plena ditadura militar. Ao lado de Zé Keti e João do Vale, Nara Leão, com sua tristura doce, cantava:

"Podem me prender, podem me bater
Podem até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião"

Hoje ela teria, de novo, todo motivo para cantar assim. Após o impeachment de Dilma Roussef e a reinstalação dos ratos no governo, sob o cacetete da polícia, Nara teria uma sensação terrível de déjà vu. 
Aliás, acerca da opinião, tenho evitado expor a minha nas redes sociais. Alguns amigos estranham meu silêncio. Mas, de repente, me bateu um tédio diante da possibilidade de alguém vir opinar sobre a minha opinião, o que parece ter virado regra nos dias de hoje. Todo mundo quer convencer todo mundo, muitas vezes se recusando a ver os fatos que gritam por si. Todo mundo opina, mesmo sem ter pensado a respeito, apenas reproduzindo o que lê e ouve por aí. O resultado? Histeria pura e simples (se é que a histeria pode ser simples).
Por isso, tenho me limitado a concordar com quem pensa como eu. Talvez um tanto covardemente, não dou mais a cara pra bater nesse tipo de discussão, sobretudo quando sei que quem está do outro lado está surdo e cego, mas, em alguns casos, para meu azar, não está mudo.

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