segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Brigas que valem a pena

Até os meus 16 anos, ou talvez um pouco mais, eu tinha disposição para discutir com as pessoas sobre política. Ficava inconformada com os argumentos pífios daqueles que se preocupavam apenas com seus imperiais umbigos, querendo que o país e a humanidade explodissem, desde que eles e seus privilégios saíssem ilesos.
Depois percebi que esse era um direito deles. Que eu não precisava, e nem conseguiria, convencê-los. Que, na verdade, tinha que fazer da minha luta uma briga pessoal que valesse a pena. Fazer o meu melhor para tornar melhor o mundo em que vivo, melhorar a minha relação com as pessoas, ajudar quem de fato precisa. E já é muito. 
Ontem, Dilma foi reeleita. No primeiro turno, preferi votar em Luciana Genro, mesmo sabendo que ela não ganharia. Em nenhum momento, apesar das decepções com o PT, me passou pela cabeça votar em Aécio Neves como forma de "protesto". Que protesto seria esse, de retroceder, colocar no poder um governo com forte tendência à direita? Então, ontem, no segundo turno, votei em Dilma, apesar de tudo, porque, bem ou mal, ainda é um governo mais voltado para a maioria. 
Aliás, há coisas simples que muita gente não entende. O que é direita e o que é esquerda? Trata-se de uma divisão entre quem olha apenas para o umbigo e quem sabe que o melhor para a maioria também favorece a si. Simplésimo. Claro que hoje, com os conchavos todos, os limites ficam mais tênues. Mas para isso existem as estatísticas e resultados: quem investe mais em educação, quem favorece os mais pobres? Em que governo a possibilidade de viajar mais, ter acesso à cultura, inclusive para os reclamões de plantão, ficou maior? Em que governo os denunciados por corrupção passaram a ser punidos? 
Se cada um votasse em que de fato o representa, entendendo o que é democracia, muito mimimi seria evitado. 
Mas, diante da incompreensão de coisas tão claras, emergem os ódios de quem não tem argumento. Inclusive pessoas de quem gosto, colegas antigos. Optei, portanto, por não me posicionar no Facebook, porque quem me conhece já sabe de que lado voto, e porque não queria entrar em brigas que não valem a pena e só teriam como resultado mais ódio e separação. Achei admiráveis os amigos que deram a cara a tapa e tiveram de ler coisas bizarras em suas linhas do tempo. 
É claro que se alguém que conheço pregar o ódio aos nordestinos, aos negros, aos pobres, aos gays, o separatismo no Brasil, serei obrigada a excluir a pessoa das minhas relações. Talvez alguns me excluam também, ao ver que páginas eu curto. Mas será uma faxina saudável e silenciosa, para que sobre mais energia para as brigas que realmente valem a pena, como cobrar do governo eleito as promessas feitas. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário