Ai, que preguiça que tenho dos reacionários, das pessoas que cuidam mais da vida alheia que da sua própria! Se ainda fossem pessoas críticas, indignadas com atos verdadeiramente nocivos realizados pelos outros (quantos exemplos na política, na religião, na economia, na vida cotidiana de maus-tratos a pessoas indefesas e animais?), isso seria útil para fazer do mundo um lugar melhor.
O problema é que se trata de gente (?) preocupada com a intimidade dos outros, com o que os outros são - gays, artistas, esquisitos, criativos, mulheres, negros. E até no caso de condições obviamente não naturais, nem escolhidas: pobres. Para tudo há um horrível juízo de valor: é porque fulano É assim. Por isso tem que apanhar, ser preso, morrer. Por isso está ferrado, está sendo castigado, é demonizado. Não posso com isso.
No caso da aplicação da justiça contra crimes de fato, também vale a discriminação - depende muito do partido, da cara do criminoso, de suas alianças, se ele será julgado ou não. Mensalão só serve para alguns, roubar em grandes obras e não ser investigado é para poucos. Vai ver, com a internet, redes sociais e que tais, as pessoas comuns resolveram agir como os juízes de plantão - como vale o non sense, a falta de argumentos ou simplesmente não enxergar a razão, é que temos visto tantas manifestações racistas, preconceituosas, anacrônicas, horrorosas e inaceitáveis em toda parte.
Sim, essa parcela da humanidade (?), infelizmente cada vez maior, me dá preguiça de existir aqui, agora, com ela.
quarta-feira, 11 de dezembro de 2013
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
A difícil arte da aceitação
É mais fácil aceitar o (supostamente) igual. É difícil que nos aceitem exatamente como somos. São princípios da existência humana.
Não faz muito tempo, descobri a farsa da alteridade. Eu acreditava muito nela, como educadora. De que era possível se colocar no lugar do outro. Não é. Há muito dificuldade em aceitar que o outro é diferente, outro planeta totalmente diverso de nós, e que mesmo assim é possível (se assim se desejar) exercer a tolerância, a aceitação. Uma arte dificílima, que pouca gente está a fim (se souber do que se trata) de praticar.
Já falei aqui do pretinho básico, de como tentamos nos adaptar a várias situações. Acho a adaptação outra arte, fundamental, inclusive parte do currículo da convivência. Mas não vale a pena quando temos de deixar de ser quem somos, de dizer o que pensamos, só para agradar os outros. E são coisas que fazemos tão pouco a pouco, tão devagarzinho, tão naturalmente, que nem percebemos quando não estamos mais felizes, quando não nos reconhecemos no espelho. Eu já ouvi muita gente dizendo que queria me ver bêbada ou que eu devia fumar unzinho. Enchi a cara uma ou outra vez, mais por acompanhar o outro do que por qualquer outro motivo, e sempre me senti mal depois - acredito, aliás, que os excessos impedem que saboreemos qualquer coisa, pois nos fazem perder o paladar e, consequentemente, o prazer. Não vou ficar tentando adivinhar o que pretendiam as pessoas que me desejavam isso, mas uma coisa é certa: queriam que eu fosse diferente, mesmo por alguns momentos, do que sou. A tal dificuldade, mesmo eventual, de aceitação.
E quanta energia é gasta querendo mudar alguém! Pois isso significa não seguir o fluxo natural das coisas, não "deixar rolar". E deixar rolar não significa deixar de cultivar os relacionamentos, como flores que são. Afinal, se o sentimento da "diferenciação" deve ser natural, o convívio com o diferente exige esforço. E sem o convívio morremos, de todas as formas. Nesses desafios é que reside (ou deveria residir) a beleza de sermos humanos.
Não faz muito tempo, descobri a farsa da alteridade. Eu acreditava muito nela, como educadora. De que era possível se colocar no lugar do outro. Não é. Há muito dificuldade em aceitar que o outro é diferente, outro planeta totalmente diverso de nós, e que mesmo assim é possível (se assim se desejar) exercer a tolerância, a aceitação. Uma arte dificílima, que pouca gente está a fim (se souber do que se trata) de praticar.
Já falei aqui do pretinho básico, de como tentamos nos adaptar a várias situações. Acho a adaptação outra arte, fundamental, inclusive parte do currículo da convivência. Mas não vale a pena quando temos de deixar de ser quem somos, de dizer o que pensamos, só para agradar os outros. E são coisas que fazemos tão pouco a pouco, tão devagarzinho, tão naturalmente, que nem percebemos quando não estamos mais felizes, quando não nos reconhecemos no espelho. Eu já ouvi muita gente dizendo que queria me ver bêbada ou que eu devia fumar unzinho. Enchi a cara uma ou outra vez, mais por acompanhar o outro do que por qualquer outro motivo, e sempre me senti mal depois - acredito, aliás, que os excessos impedem que saboreemos qualquer coisa, pois nos fazem perder o paladar e, consequentemente, o prazer. Não vou ficar tentando adivinhar o que pretendiam as pessoas que me desejavam isso, mas uma coisa é certa: queriam que eu fosse diferente, mesmo por alguns momentos, do que sou. A tal dificuldade, mesmo eventual, de aceitação.
E quanta energia é gasta querendo mudar alguém! Pois isso significa não seguir o fluxo natural das coisas, não "deixar rolar". E deixar rolar não significa deixar de cultivar os relacionamentos, como flores que são. Afinal, se o sentimento da "diferenciação" deve ser natural, o convívio com o diferente exige esforço. E sem o convívio morremos, de todas as formas. Nesses desafios é que reside (ou deveria residir) a beleza de sermos humanos.
terça-feira, 3 de dezembro de 2013
Ouvindo coisas
I don't see dead people. Nem ouço, ainda bem!
Mas tem acontecido de ouvir uma vozinha estridente me dizendo para fazer isso ou aquilo. A voz se confunde com vontade incontrolável, na maioria das vezes. Assim aconteceu com a urgência de cortar os cabelos, assim acontece quando tenho de parar 5 minutos de trabalhar e fazer um desenho, ou quando um haikai fica martelando na minha cabeça. Eu, que nunca fiz haikai, que nunca sequer fui da turma da poesia! Mas essas coisas buzinam na minha cabeça até que eu dê vazão a elas. Aí ficam sossegadas um tempinho, e logo recomeça o buchicho.
Será isso a criatividade? Sempre me achei uma pessoa criativa, mas acho que agora a torneirinha quebrou. E saibam: não pretendo consertá-la nunca.
Mas tem acontecido de ouvir uma vozinha estridente me dizendo para fazer isso ou aquilo. A voz se confunde com vontade incontrolável, na maioria das vezes. Assim aconteceu com a urgência de cortar os cabelos, assim acontece quando tenho de parar 5 minutos de trabalhar e fazer um desenho, ou quando um haikai fica martelando na minha cabeça. Eu, que nunca fiz haikai, que nunca sequer fui da turma da poesia! Mas essas coisas buzinam na minha cabeça até que eu dê vazão a elas. Aí ficam sossegadas um tempinho, e logo recomeça o buchicho.
Será isso a criatividade? Sempre me achei uma pessoa criativa, mas acho que agora a torneirinha quebrou. E saibam: não pretendo consertá-la nunca.
domingo, 1 de dezembro de 2013
Um balanço
Como encontrei vários amigos nos últimos meses, inclusive alguns que não via há anos, soube de novidades ótimas na vida deles. Nascimentos, pós-graduação, novos trabalhos, projetos muito legais. E fiquei muito emocionada e contente com isso, porque são pessoas bacanas e merecedoras dessas vitórias.
Fiquei pensando, então, no que tenho feito, em quais foram minhas vitórias. Neste ano saturnino, foram principalmente vitórias internas, que apenas tiveram início. Respirar, perguntar somente a mim o que quero, ouvir a voz da intuição, calar os demônios interiores. Dar asas à imaginação, à criatividade, ao feminino. Ou seja, fazer a faxina interna para poder olhar com clareza aquilo que é de fato importante. Me revestindo de coragem para mudar um comportamento aos 40 anos de idade. Daí ter que aprender a respirar, pois será preciso muito fôlego!
Amplexos contra complexos
Alguém postou no FB uma matéria a respeito do poder de um abraço mais longo, acerca de seus efeitos sobre o emocional de uma pessoa. Eu sou testemunha vivíssima de como isso é verdadeiro. Verdade epifânica, milagrosa.
Recebi nos últimos tempos abraços tão regenadores, presenciais e à distância, que me deram vontade de chorar, como um cachorrinho novo. Como se eu renascesse, vendo de novo a primeira luz do mundo, dentro daqueles braços que me abraçavam. Às vezes de amigos queridos mas não tão íntimos, que simplesmente sentiram que aquele gesto simples e gratuito mas pleno ia me ajudar a avançar mais um pouco no caminho da esperança. Quando não era respeitosamente silencioso, o abraço era seguido de um "Vai dar tudo certo", como parece dizer a personagem que deseja "Buona sera" para Cabíria, nos momentos finais do filme. E eu senti claramente afeto, paz, bem-aventurança vindo daquelas pessoas para mim enquanto me abraçavam. Daí o choro, a emoção diante desses presentes, das graças concedidas.
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