segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Poetientendendo

Sempre fui mais da prosa que da poesia, e acho que sei por quê: meu poder de síntese é parco, sou mais das longas análises que dos silêncios ensurdecedores nas entrelinhas. Mas fico emudecida diante de um bom poema, de um verso carregado de sentidos.
Esses dias me voltou como um bumerangue a "Canção excêntrica" de Cecília Meireles. Publiquei no FB. E aí fiquei com os versos pendurados na mente, nos lábios, nas mãos, especialmente esses:  

"Se penso encontrar saída,
em vez de abrir um compasso,
protejo-me num abraço
e gero uma despedida.

Se volto sobre o meu passo,
é já distância perdida."


Penso que é porque eles mostram a dificuldade do desapego, do fazer o que deve ser feito, de simplesmente seguir em frente. Isso porque me pego negaceando em meus passos, hesitando aqui e ali. E mesmo sabendo que só há jeito de seguir, prosseguir, ir, ainda caminho como quem borda o ponto-atrás - avançando um ponto-passo, retrocedendo meio ponto, meio passo. Ainda que isso seja só em pensamento, em um ligeiro temor diante do inevitável futuro. 
Mas sigo - abro o abraço, me despeço do ontem, retomo os passos e sigo. 

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