segunda-feira, 18 de novembro de 2013

A moda da busca

Vivemos um tempo de enormes contradições. OK, é um chavão, todas as épocas têm as suas, mas ESTA em especial (porque é a que vivo, porque é a que observo num instante mais introspectivo da vida? ninguém saberá jamais!) me espanta de verdade. As pessoas parecem mais loucas, agressivas, dizem e fazem o que querem, pouco importando o outro. Olhou feio, alguém pode jogar gasolina e atear fogo em você. Por outro lado, está na moda a busca da felicidade. Talvez quem busque a felicidade esteja principalmente fugindo dos loucos agressivos que pululam aos montes, inclusive os que habitam potencialmente em cada um.
Só para ilustrar: um professor de ética foi aplaudido de pé no Jô ao falar dessa busca; ela foi tema de Globo Repórter; a nova novela das sete, que segue a fórmula de Lost, também trata do tema. É matéria de revista gente mudando de vida, de rico financista ou advogado ou empresário para morador de uma casa no campo.
Eu, pessoalmente, acho o tema apropriado e fascinante. O tipo de coisa que não deveria nunca sair de moda. Sempre me vi seguindo essa "tendência", mesmo de uma forma destrambelhada. Fui percebendo que o que importava era a bagagem que eu levava comigo - nunca importaria o lugar, se eu estivesse bem comigo mesma. E a entrevista do Clóvis de Barros Filho, o tal professor que foi ao Jô, veio temperar mais essa percepção: mesmo sem chegar a nenhuma conclusão, pois não existe mesmo, ele disse que a felicidade está nos momentos que gostaríamos que não acabassem nunca. Ele deu o próprio exemplo, de como se sente pleno na sala de aula.
Fiquei pensando nas coisas que me trazem plenitude e nos momentos que não gostaria que tivessem fim. Para mim não são sempre a mesma coisa - há aquilo que de alguma forma pode se repetir (normalmente que depende só de mim, talvez como a sensação na sala de aula de Clóvis de Barros) e me faz feliz, há os instantes incontroláveis - e felizes. Para mim (e eu concordo com o professor de que para cada um é de um jeito, um único jeito, intransferível), a mágica está em ficar com os sentidos alertas e fruir cada um desses diferentes momentos, todos plenos da graça que é viver. Talvez a busca chegue ao fim exatamente quando se decida viver.

2 comentários:

  1. Ah... me encanta tanto essa busca! Adoro ouvir histórias de quem larga a vida estabelecida, "bem-sucedida", para ser feliz de verdade... Amei esta definição de felicidade: "os momentos que gostaríamos que não acabassem nunca"... Que bom, recentemente tenho usufruído de mais momentos assim!

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    1. Que bom mesmo! E que bom que você os tem percebido e vivenciado. :D
      beijos

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