terça-feira, 9 de novembro de 2010

Limites da liberdade

A liberdade tem limites. Tão claros, tão facilmente reconhecíveis que seu desconhecimento só pode estarrecer. "Liberdade" que fere, escarnece, ofende, mata não é liberdade, nem aqui, nem em lugar nenhum. Torna-se outra coisa qualquer, arma na mão de covardes, que a empunham em nome de uma suposta democracia, que lhes dá direito a fazer e dizer o que der na telha.
Assim é com a liberdade de expressão, toda retorcida por esse discurso pseudodemocrático que nos assombra. É o que "permite" a uma estudante de Direito de São Paulo escancarar na rede seu preconceito contra nordestinos - que tipo de profissional se espera de uma pessoa como essa? O disparate não poderia ser maior, em se tratando de alguém que deveria defender (ou pelo menos respeitar) os direitos humanos.
Hoje é possível dizer o que se quer em nome da liberdade de expressão. Quem se sentir ofendido que vá processar - um direito seu - o outro por injúria e difamação, que vá cobrar um tímido direito de resposta na TV. Se ao menos o nosso judiciário fosse tão ágil quanto a língua ferina de tantos! De novo, lá vem a impunidade acarinhar seus afilhados - difamadores, corruptos e covardes.
Podemos ser quem quisermos, mas não fazer ou dizer tudo que quisermos, sobretudo se isso tem consequências no âmbito coletivo (excluídos, obviamente, os moralismos, os incômodos com a existência do outro e toda sorte de coisa inútil). Para "regular" os comportamentos é que existe a ética; na falta dela, existe a lei. Se ambas faltarem, resta a voz dos inconformados. Se tudo isso faltar, é melhor pedirmos para apagarem a luz.

2 comentários:

  1. Muito oportuno esse post neste momento em que os meios "mass midia" querem porque querem promover toda sorte de dificuldades à contínua (e desejável, a meu ver) expansão e democratização dos meios da mídia dita alterantiva (redes sociais e congêneres, mas também radiodifusão comunitária, a velha lei de direitos autoriais revista etc.).

    Quanto ao mais, no que tange à necessidade de haver vozes que se levantam coletivamente pelo bem comum, partilho aqui uma fala recente de Pepe Mujica:"Que seria deste mundo sem militantes? Como seria a condição humana se não houvesse militantes? Não porque os militantes sejam perfeitos, porque tenham sempre a razão, porque sejam super-homens e super-mulheres e não se equivoquem. Não é isso. É que os militantes não vêm para buscar o seu. Vêm entregar a alma por um punhado de sonhos. Ao fim e ao cabo, o progresso da condição humana depende fundamentalmente de que exista gente que se sinta feliz em gastar sua vida a serviço do progresso humano. Ser militante não é carregar uma cruz de sacrifício. É viver a glória interior de lutar pela liberdade em seu sentido transcendente."

    Amém, né?
    luciana

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  2. Lu: amém, amém, para sempre amém. Tudo foi dito aí!
    beijos,

    Solange

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