Outro dia foi que aprendi o termo "colorismo", usado por ativistas negros para salientar os graus de racismo sofridos por pessoas negras de acordo com ser mais ou menos negro.
Acho que a esse respeito, não há dúvida: quanto mais negro for o indivíduo, mais preconceito ele sofre. Isso não quer dizer que os ditos "pardos", segundo as classificações estapafúrdias que aparecem no IBGE, não sofram também, ainda que de forma um pouco mais velada. O preconceito aí está, ferindo a todos. Por isso, do meu humilde ponto de vista de mulher não negra, fico pensando se é saudável para a luta anti-racista a divisão entre pessoas negras de qualquer matiz. Tudo isso depois de ter sabido de uma polêmica, no final do ano passado, entre a filósofa Djamila Ribeiro (que inclusive recebeu a última edição do Jabuti por seu Pequeno Manual Antirrascista) e a ativista Letícia Parks, a quem Djamila teria se referido no programa Roda Viva como "negra de pele clara" para evidenciar suas discordâncias. Antes, em maio de 2019, tinha havido outra discussão com Andreza Delgado, ativista negra de grande importância periférica, nos mesmos termos.
O site Notícia Preta publicou, no ano passado, um artigo sobre Djamila x Andreza que expressa o meu sentimento com relação ao tema. Eu, do lado de fora dessa discussão, me incomodo com o esvaziamento de qualquer tema pelo uso de argumentos tão alheios ao debate que até lembram o que tanto criticamos nas falas machistas, homofóbicas, classistas e racistas. Só posso me entristecer ao ver como coisas menores podem minar a união tão fundamental para o fortalecimento dos movimentos sociais, sobretudo negros e feministas.
O apego aos rótulos, e hoje talvez uma certa disputa pelos holofotes, não pode ser mais importante, me parece, que as longas lutas por direitos e igualdade na diferença.
Nenhum comentário:
Postar um comentário