Como já cantava Chico Buarque, estamos em pleno sanatório geral - do mal, no caso.
As redes sociais trouxeram mudanças incríveis e úteis, mas também uma tendência geral ao opinionismo - todo mundo se sente obrigado a dizer algo, mesmo que com isso não diga nada. As opiniões sobre determinada notícia são normalmente rasas - quem tem tempo de ler um texto até o fim com tanta coisa interessante rolando, rodopiando ao nosso redor virtual?
Confesso que não tenho opinião formada sobre muita coisa, e por essa razão procuro ser cuidadosa com o que vou dizer - antes me informo do que se trata, para dizer o mínimo. E, para ser bem sincera, nem tenho muita vontade de me manifestar no Facebook, por exemplo - já vi amigos com ideias interessantes gastando um tempo enorme respondendo a ignorantões de tudo, uma coisa chatíssima. Especialmente agora, nesta época de neorreacionarismo, com tanta gente de argumentos vazios defendendo a volta da ditadura militar, uma aberração.
Da mesma forma que muita gente precisa mostrar aos outros que é feliz, hipster, antenado, solicitado etc., tirando mil selfies ou fotografando tudo o que come, sem outro motivo que não seja mostrar o que comeu no almoço (exceções, claro, a quem tece algum tipo de comentário gastronômico mais profundo), há esse verdadeiro tsunami de opiniões (se é que se pode chamá-las assim) descabidas, desencontradas, levianas e até mesmo contraditórias. Uma atmosfera retrógrada, apesar de tanta tecnologia, pesa sobre nós.
É uma pena que o acesso a tanta informação (inclusive suspeita, de má qualidade, ou seja, desinformação) seja subestimado diante dessa nova necessidade de papaguear em troca de um curtir e dois minutos de atenção coletiva. Com tamanha balbúrdia, a reflexão (que, no mais, pede alguma calma) torna-se praticamente impossível.
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