Este blog estava meio abandonado, depois de alguma (muita) tristura. Talvez por coerência: nada estava soando aqui dentro, tudo um grande silêncio, só ecos de passos arrastados num corredor escuro e antigo.
Aí escrevi sobre o aniversário de 80 anos dos queridos pais de uma amiga querida, no Nem guerê nem pipoca, e também sobre seu amor longevo. Uma amiga, a Simone Adami, a quem enviei o link, leu o texto e escreveu no Facebook um outro, maravilhoso, sobre o amor e outros bichos. E disse ainda que lendo ESTE blog aqui se viu querendo voltar a ser, e não apenas a soar.
Puxa, são gentilezas assim que me fazem pensar nesse poema de Quintana, tão conhecido da época do trabalho no cursinho:
Esperança
Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...
Coisas assim, palavras assim me trazem à mente a imagem da humanidade como um intrincado conjunto de címbalos, tocando uns aos outros, fazendo soar uma grandiosa, enorme melodia. Soam e ressoam no íntimo, fazendo brilhar ali a luzinha dos olhos verdes da Esperança, oculta sim, mas viva, viva.
Linda reflexao!
ResponderExcluirUma coisa puxa outra, e lá na ponta estão você, seus pais, amizade, amor. :)
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