"Não lembro". Duas vezes essa frase no mesmo dia, e um horrível déjà vu, uma outra cena também ligada a um estado alterado de consciência (mas daquela vez com imprecações em público - terá sido por isso o retorno misterioso do ex? uma indubitável sincronicidade?).
O que alegar quando não se lembra de algo? A amnésia garante inimputabilidade?
Da pessoa que eu julgava minha amiga, li isso: "Não lembro, estava tão bêbada que perdi a consciência. Se fiz algo, peço desculpas". Simples assim.
Interessante que mesmo com a falta de memória eu não tenha ouvido/lido nada do tipo "Imagine! Impossível!". A resposta veio prontamente: "não lembro".
Neste exato momento bem que eu gostaria de ser abençoada por toda essa amnésia.
terça-feira, 27 de agosto de 2013
domingo, 25 de agosto de 2013
A cidade que habita em mim
Sou fã de carteirinha do Ivan Martins, editor que assina uma coluna semanal na Época, desde o primeiro texto que li, num momento crucial, daqueles de querer sair gritando e saber que ninguém vai ouvir. Era como se em vez de me ouvir aquele sujeito tivesse algo a me dizer, uma mensagem a entregar, escrita por alguém que entendia perfeitamente como eu estava me sentindo. Desde então, leio sua coluna toda santa quarta-feira.
Na última quarta, ele fez uma comparação lírica e pertinente entre pessoas e cidades. Dizia que cada pessoa é uma cidade, ou pode ser só um deserto varrido pelo vento, e que cabe a nós (também cidades repletas de peculiaridades) explorar esses territórios mais ou menos cheios de mistério.
Gosto dessa imagem. Também porque gosto do tema cidade, mas principalmente porque entendo bem o que é andar por desertos estéreis ou por ruelas suspeitas e escuras, e bem há pouco por uma paisagem que começa com casinhas coloridas e depois se descortina em planícies, montanhas e rios que parecem não ter fim. Às vezes acontece de na minha própria cidadela soprar um vento inesperado e indesejado (um passado sibilante querendo voltar). Outras vezes, a paisagem à minha frente, a que quero desbravar, se acinzenta, emudece (até os pássaros se calam), se esvazia. Somem as pontes e surgem muros sabe-se lá de onde. Por algum tempo fica assim, e então me sento à entrada esperando ser novamente bem-vinda...
Paisagens vivas, cidades cheias de histórias, belezas, solidões e segredos, é isso mesmo o que somos.
Na última quarta, ele fez uma comparação lírica e pertinente entre pessoas e cidades. Dizia que cada pessoa é uma cidade, ou pode ser só um deserto varrido pelo vento, e que cabe a nós (também cidades repletas de peculiaridades) explorar esses territórios mais ou menos cheios de mistério.
Gosto dessa imagem. Também porque gosto do tema cidade, mas principalmente porque entendo bem o que é andar por desertos estéreis ou por ruelas suspeitas e escuras, e bem há pouco por uma paisagem que começa com casinhas coloridas e depois se descortina em planícies, montanhas e rios que parecem não ter fim. Às vezes acontece de na minha própria cidadela soprar um vento inesperado e indesejado (um passado sibilante querendo voltar). Outras vezes, a paisagem à minha frente, a que quero desbravar, se acinzenta, emudece (até os pássaros se calam), se esvazia. Somem as pontes e surgem muros sabe-se lá de onde. Por algum tempo fica assim, e então me sento à entrada esperando ser novamente bem-vinda...
Paisagens vivas, cidades cheias de histórias, belezas, solidões e segredos, é isso mesmo o que somos.
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