segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Verde e rosa

É mesmo engraçado que em um país tropical as pessoas tenham tanta parcimônia em usar a cor. Eu mesma adoro comprar roupas quando vou ao Rio ou a Salvador, só para ter peças mais alegres, mais de acordo com minha alma brasileiríssima - mesmo que aos olhos estrangeiros mais descuidados eu não pareça tão brasileira assim (afinal, não sou negra, nem sou índia!).
Aliás, é a uma importância demasiada aos olhos alheios, à opinião dos outros, que atribuo essa vergonha de se mostrar como é, tão comum entre os brasileiros. Cada vez mais (e isso tem a ver também com a tal globalização, que pode libertar pelo acesso ao conhecimento, mas também cercear pela imposição de padrões) nos parecemos com os estrangeiros - que, por sua vez, nos veem como um povo "solar". Em São Paulo, quando chega aquele frio de bater o queixo, como é raro encontrar o vermelho e o amarelo nas ruas! Quando acontece, faz lembrar uma gravura de Goeldi - uma solitária mancha de cor em meio ao black total.
Nada contra o preto, que também adoro. Mas se é verdade que expressamos nossa alma, nossa personalidade com o que vestimos, o que queremos mostrar quando nos vestimos todos da mesma forma, com uma mesma cor? Ou será que queremos apenas nos esconder?
Meu amigo Márcio Ito, estilista e professor de moda, faz o resumo da ópera com perfeição. Leiam o delicioso artigo de quem entende:
http://www.diaadiarevista.com.br/Noticia/7266/aquarela-do-brasil/
Ah, sim: adoro verde e rosa, juntos.