Gosto muito de O verbo no infinito (poema em que andei cismando um dia desses) do frequentemente injustiçado Vinicius de Moraes. Os verbos são usados no infinitivo para reforçar a ideia da ação constante, incessante:
E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e se sentir maldito
Mesmo com o sofrimento todo, o eu poético afirma que vai "esquecer tudo ao vir um novo amor".
Não sei por que, mas isso me faz lembrar uma historinha da Turma da Mônica, chamada "As emoções bárbaras" (e já vi que vários internautas se lembram dessa história). Um ente superior resolve descer à Terra para viver as tais emoções bárbaras, de que já não lembra mais. Claro, vai topar com Mônica e Cebolinha. A história é ótima, tão boa quanto a do mito da caverna, também desenhada por Maurício de Sousa e protagonizada pelo Piteco.
Talvez minha estranha associação (Vinicius+quadrinhos) tenha a ver com a ideia de que o esquecimento nos leva a fazer tudo de novo. Não é por isso que costumamos ser mais cuidadosos ao manusear objetos pontiagudos, ao mexer com fogo? Na verdade, porque "lembramos". Afinal, aquilo machuca, queima etc.
Por que será que no que diz respeito às emoções costumamos "esquecer"? Ou fingimos que esquecemos? Muitas vezes, elas também machucam e queimam.
Mistérios.
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